Páginas

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Museu da Identidade buziana finalmente aparece no horizonte



Secretário de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, Luiz Romano Lorenzi anuncia em live o tão sonhado Museu buziano. E vai além: anuncia o  interesse em constituir equipe multidisciplinar composta por antropólogos e historiadores para composição do museu: "Estamos na reta final para em breve, poder apresentar para a comunidade o projeto do Museu da Identidade Buziana" disse Romano.

Vale destacar a importância de ter uma equipe técnica, como foi citada pelo secretário. A montagem de um museu não se resume a apenas pedir as pessoas que levem objetos antigos, mas envolve uma série de requisitos técnicos para que o projeto tenha solidez. 

Video abaixo

 



domingo, 2 de maio de 2021

Búzios padece na desinformação



Não vou falar do teor do comunicado oficial da prefeitura, nem da forma, nem do conteúdo político presente no texto, e aí está o ovo da serpente buziana que vai nos picar no futuro; que  continuamente contamina e desfaz a institucionalidade obrigatória nos atos públicos e oficiais. 

O caso aqui é outro, e grave! Deve ser repudiado e denunciado pelo cidadão, sob pena de, no futuro, ficarmos imersos no lodo da desinformação que só interessa a quem não quer o cidadão informado. 

Deixando de lado toda confusão política da última semana em torno da eleição da mesa diretora da Câmara de vereadores, o que destaco aqui é a necessidade de termos meios de comunicação que nos dê o mínimo de garantia a respeito dos fatos da cidade. Obvio que a informação de democratizou com as redes sociais, mas ao mesmo tempo a fragilidade da informação publicada nos meios digitais não resiste a ajustes ou edições.

Veja o exemplo na imagem do post. A prefeitura, através de sua página oficial, que tem fé pública como órgão governamental (pelo menos deveria ter) publicou texto de conteúdo político no sábado (1/5) para criar uma narrativa na qual o bloco dos vereadores, Raphael Braga, Gugu de Nair, Aurélio e Niltinho estaria “boicotando” o Vale Card, projeto do executivo. A narrativa, frágil e mal construída, não se manteve de pé e em menos de 24 horas obrigou a comunicação oficial a “editar” o texto do post publicado.

O momento exige que se preserve a democracia e as instituições. A transparência nos atos públicos, especialmente na informação, deve ser a prioridade dos governantes que foram eleitos democraticamente. Por outro lado, para o bom equilíbrio da democracia, é urgente um jornal independente na cidade, de preferência impresso, que circule livremente de mão em mão, livre de algoritmos e de quem não gosta de transparência.

domingo, 7 de março de 2021

Incrível e inquietante: a partir de fotos app cria filmes inéditos de antigos buzianos

 


Myheritage, site que permite construir árvores genealógicas, oferece serviço para converter fotos antigas em clips de filmes. Na versão gratuita só é possível com quatro imagens. O resultado é impressionante, mas traz um certo desconforto ao ver um familiar já falecido ganhar movimento na fotografia.
Veja os vídeos abaixo com alguns exemplos. Esse recurso seria muito interessante num Centro de Memória buziano.



Zalico, pescadora antiga já falecida.

José Martins, foi casado com minha avó Lurdeca

Dona Irene, matriarca buziana. Mãe de Edineia, da loja Foca, Nair, já falecida, de Dona Júlia, mnae de Bebeto Karolla e de Lurdeca, sua filha mais velha.

Tuim, personagem importante da história bziana

Mineli, pescador antigo, patriarca de família tradicional de Búzios. Pai de Izabel da Escuna, avô de Alexandre Verdade, ex-secretário de Turismo e de Angelo Verdade.

Dona Rute, matriarca de Família importante de Búzios. Mãe de Zezinho, pescador conhecido falecido recentemente

quinta-feira, 4 de março de 2021

Deu no O Dia: Búzios terá Museu da identidade Buziana "Amém"

Tenho fé no trabalho de Romano como secretário de cultura e acredito que o assunto da matéria reflete o seu desejo verdadeiro. Registro aqui no Blog a notícia com esperança que o fato se concretize. 

Leia a matéria abaixo:





Búzios - Representantes da Secretaria de Turismo e de Cultura e Patrimônio Histórico do município de Armação dos Búzios estiveram na última semana visitando a Fundação Cultura Barra Mansa, para conhecer o Centro de Documentação e Memória Fazenda da Posse.


Planejando o futuro Museu da Identidade Buziana, a equipe buscou aprofundar mais conhecimento sobre conservação de objetos, higienização de documentos históricos, processos de escovar, limpar e fotografar as páginas dos documentos e formas de condicionamentos de itens arqueológicos. Com isso, o Presidente da Fundação Cultura de Barra Mansa, Marcelo Bravo fez questão de levar todos os representantes para conhecer a reserva técnica, o acervo de obras raras e explicou como a Fazenda da Posse utiliza e capta recursos por meio das atividades de patrimônio e para a manutenção das unidades.


O secretário Romano Lorenzi, disse que a equipe buziana trabalha incansavelmente para dar início ao projeto do futuro Museu da Identidade Buziana: 'Búzios é uma cidade jovem e recém emancipada, temos 26 anos, mas com histórias desde a chegada dos portugueses na região de Cabo Frio com presença de povos indígenas, Caiçaras, pescadores, povos sambaquianos e comunidades quilombolas. O nosso prédio mais antigo é a igreja de Sant’Anna, de 1740, e no entorno do prédio existe todo um trabalho arqueológico para ser desenvolvido. Por isso a gente veio aqui para estreitar essa relação e entender como é esse processo de cuidar dessa documentação. Barra Mansa faz um trabalho muito sério e de referência. Por isso a gente quer pegar o que tem de melhor na nossa região. Estamos hoje em Barra Mansa para poder entender a importância desse resgate da memória do povo',  disse Romano.


Atualmente, o Centro de Documentação e Memória Fazenda da Posse conta com 15 mil itens, a maioria datado do século XIX, entre documentos e itens arqueológicos. O local fica no bairro Barbará, Barra Mansa-RJ.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias

O aviso relembra o pesadelo de 2020



Comercios fechados, desemprego, falta do auxílio emergencial do governo federal, aumento de casos de covid, falta de leitos: essa é uma realidade provável para os próximos meses em cidades pequenas como Buzios; podem ser os meses das vacas magras, se preferirem a metáfora bíblica de José do Egito.

Tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias.

domingo, 4 de outubro de 2020

Búzios é o exemplo vivo, ou morto, da ocupação que Ricardo Salles planeja



Resorts sobre os manguezais, o lucro rápido de uma meia dúzia em troca do prejuízo eterno de milhões, ou seja, terra arrasada

Eu devia ter uns dez anos quando aceitei passar um feriadão acampada com tios e primos em Búzios. Búzios, na época, ainda era Búzios.

Metemos duas barracas da Mesbla na Kombi do meu pai, junto com a tralha, que incluía uma privada de madeira construída pelo meu avô marceneiro, para que mantivéssemos as comodidades do lar. O acampamento cigano foi erguido no canto de uma João Fernandes ainda selvagem.

Exaustos da viagem, arrochamos a boca de fogão num botijão, a fim de cozinhar o macarrão com Pomarola da janta. Não deu um minuto, o barulho agudo do vazamento resultou num cheiro insuportável de gás. “Vai explodir!”, gritou meu tio, enquanto tentava evitar a tragédia.

Passado o susto, engolimos a gororoba, lavando pratos e dentes na espuma da arrebentação. Não lembro o que fizemos com os sacos plásticos das necessidades, ajustados ao trono do meu avô. Temo confessar que os jogamos no mato, como se o mato fosse dar cabo deles.

Eu me lembro, sim, de cair amontoada no quartinho de tela num calor de rachar e de ser acordada por um primo que enchera a cara e acabou vomitando nos pés dos ocupantes da sala do château de náilon.

Assim que o dia raiou, carente de paz e privacidade, inflei o bote de plástico e passei a sexta, o sábado e o domingo a boiar na marola, sem blusa, chapéu ou filtro. Ignorávamos o risco de melanoma naqueles idos de 1975. No caminho de volta, notei o contraste entre o roxo da pele e o branco da marca do biquíni. A queimadura levaria um mês para sarar.

Trauma de infância, nunca mais acampei e nem senti falta de acampar.

Eu levaria duas décadas para retornar à Armação dos Búzios. Dessa vez, nada de farofa. O pai de um namorado possuía uma casa linda, no centro da Ferradura, cujo jardim terminava num muro sobre a areia. A maré alta engolia a beira-mar e me pareceu estranho que uma praia pública pudesse ser loteada de maneira tão privée.

Pela manhã, despertei com o roncar das lanchas.

Não só a areia da Ferradura fora privatizada, como o espelho d’água liberado para todo o tipo de esportes aquáticos. Banana boats, motos aquáticas e embarcações variadas zanzavam como moscas no plácido oceano, ameaçando banhistas, afugentando peixes e arruinando o que Deus criara.

No apagar das luzes do segundo milênio, os dois penhascos que fecham a entrada da exuberante enseada ainda restavam intactos, mas os grandes resorts já negociavam as encostas recobertas de vegetação nativa, animais rasteiros e ninhos de pássaros.

Eu levaria outros 20 anos para retornar ao Éden de Brigitte Bardot. Foi em setembro, agora, no meu aniversário de 55 anos.

A engarrafada via de mão dupla que dá acesso à península sempre foi horrenda, mas piorou com a idade. O comércio de casas feias quintuplicou o número de restaurantes, supermercados, postos de gasolina e agências de turismo. Um não acabar de néons, reclames e outdoors vendendo o que não mais existe.

Minto.

A praia dos Ossos ainda guarda a memória do antigo encanto. A igrejinha do século 18, protetora dos baleeiros, continua lá, mas o resto foi entregue à especulação imobiliária.

Condomínios inteiros avançam sobre as demais praias. Boates bregas, pistas de minikart e pombais batizados de hotéis, onde antes respiravam dunas. Quase nenhum vestígio da paisagem agreste.

A praia da Tartaruga foi tomada por botecões estilo favela. Enormes barracas de compensado e concreto, com mesas que se alastram em direção ao mar. Um festival de latas de cerveja, garrafas, copos de plástico e guimbas meio fumadas.

Búzios é o exemplo vivo, ou morto, da ocupação predatória que Ricardo Salles, o antiministro do Meio Ambiente, planeja para o que sobrou do Brasil.

Resorts com piscinas de cloro sobre os manguezais que alimentam a vida marinha e a nossa. O lucro rápido de uma meia dúzia, em troca do prejuízo eterno de milhões.

Extrativismo. Queima de riquezas irrecuperáveis. Terra arrasada.

Minha família jamais deveria ter acampado em João Fernandes; o pai do meu namorado não poderia ter fincado sua casa na areia da Ferradura e nem as malocas-bares destruído a beleza da Tartaruga.

Você pode desculpar os adultos da década de 1970 por não besuntarem as crianças com filtro solar. E perdoar a falta de consciência ecológica e planejamento urbanístico dos anos 1980 e até 1990.

Em 2020, é crime! É crime, Ricardo Salles. Minha solidariedade à juíza Maria Amélia Almeida Senos de Carvalho, da 23ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que tentou barrar essa boiada. Pena que durou pouco.

sábado, 4 de julho de 2020

"A MOENDA" - Equipamentos da Cultura Buziana II

Ilustração com bico de pena: Alan Camara

A “moenda” era um equipamento artesanal utilizado pelos antigos buzianos para extrair o caldo da cana. Diferente do “SUBACO”, equipamento mais rudimentar, a moenda exigia habilidades de um carpinteiro para construí-la e somente famílias mais abastadas tinham condições de ter uma em seu quintal.
Para fabricá-la, o carpinteiro não utilizava qualquer ferramenta mais sofisticada além do serrote e da plaina manual. Após sua construção, as bases da moenda eram enterradas numa profundidade suficiente para manter sua estrutura firme durante o funcionamento.
Para extrair o caldo eram necessárias duas pessoas - cada uma de um lado - para fazer girar a engrenagem e espremer a cana; o caldo extraído descia pelo cilindro de madeira, caia numa calha improvisada com partes de uma lata de banha (gordura de porco utilizada para cozinhar) e escorria para a vasilha.
O caldo servia tanto para beber puro quanto para misturá-lo ao café.