Estar no momento certo, na hora certa e no lugar certo. Um conjunto de situações que convergem em favor de alguém e que foge da explicação lógica. É o mesmo efeito, sem causa, que leva um ganhador da loteria apostar uma combinação de números e acertar o prêmio.
Foto: Reage Búzios |
O franco-favorito
Em um cenário político atípico, - se formos comparar com os anteriores- , nessas eleições havia o que os apostadores de corrida de cavalos chamam de "o franco-favorito", - o cavalo mais cotado para vencer, sem adversários aptos para derrota-lo. Nessas eleições, somente o candidato Mirinho Braga tinha chances reais de vitória. Os demais candidatos ao título eram considerados aspirantes, de pouca envergadura, meros figurantes da competição. Não eram páreos para um adversário que já havia vencido três eleições. - Para a maioria dos eleitores, a vitória do prefeito era certa e incontestável.
O tiro da largada
Se a comparação ainda vale, cada um dos candidatos optou por uma estratégia comum: disparar com força após o tiro. E foi assim que aconteceu com os três concorrentes. Mas numa corrida, quem larga mais forte? Ora. Se for para perder, na maioria das vezes é o favorito.
Com mais história e experiência política, com maior currículo em relação aos outros concorrentes, Mirinho Braga mostrou sua força e confirmou no início da corrida eleitoral, o que todos já esperavam: a vitória certa, rápida e tranquila.
Mas e o quarto candidato?
Por que ficou parado ao 'tiro da largada' enquanto os outros saíram em disparada? Estratégia de guardar fôlego para a reta final contra o favorito e polarizar a disputa? Insegurança diante de um desafio inédito e improvável, com competidores muito mais capacitados politicamente para cruzarem o disco final? Talvez a duas coisas.
O médico
Dr. André já havia disputado outras eleições como candidato a vereador. Perdeu! Perdeu para aquele momento que não era ideal. Sua profissão, médico, tem forte apelo "emocional" ao eleitor. O médico transmite confiança, cuidado, simpatia, entre outras coisas. A expressão 'médico da família' por si só já o insere na intimidade familiar lhe concedendo status de confiança. Em uma cidade pequena como Búzios, o médico, na maioria das vezes tem muito mais penetração familiar que o político conhecido que aparece a cada quatro anos.
O cenário desfavorável.
Aquele período não era favorável, quando Dr. André concorreu a vereador. A cidade estava recém-emancipada, os problemas eram óbvios, mas ainda aceitáveis diante das circunstâncias. O primeiro prefeito, Mirinho Braga, iniciara seu governo investindo pesado na construção e estruturação dos equipamentos de saúde no município. E isso dava à população um retorno e uma expectativa positiva quanto ao futuro. Em 2001, quando Dr. André fez sua primeira tentativa como candidato a vereador, a saúde em Búzios ainda não era vista, ou pelo menos reconhecida como um problema grave, a ponto de inseri-lo na pauta do eleitor buziano.
O momento certo
Se a saúde no país está deteriorada, são os municípios que pagam o preço. E Búzios não fugiu a esta regra. Com índices baixíssimos de aprovação popular, a Saúde em Búzios vinha, desde 2008, amargando ano após ano, rejeição dos usuários quanto aos serviços prestados. Até 2012, apesar das inúmeras tentativas, dos ajustes e trocas, a Saúde em Búzios, ainda que bem avaliada em relação aos demais municípios, não conseguiu transmitir ao cidadão, segurança e confiabilidade a ponto de mudar sua opinião.
Se a opinião não muda. Muda tudo então.
No inconsciente coletivo e na psicologia do eleitor, nada mais sensato e aceitável que a imagem simpática, carismática e familiar do médico. Ora. Se a Educação não vai bem, a figura competente, doce e simpática de uma professora é a que vem a mente. E se a Saúde da cidade, na avaliação do eleitor está doente, um médico é a melhor opção para reverter o quadro do paciente.
Apesar de ter participado de um governo que teve um dos maiores índices de rejeição numa eleição, Dr. André conseguiu "descolar" sua imagem daquele governo. Mesmo quando precisou surfar na máxima "pior não fica", conseguiu no boca a boca consolidar, - o que alguns chamam de mito- , sua "boa" atuação nos poucos meses em que ocupou a secretaria de saúde na administração do ex- prefeito Toninho Branco.
Sorte do vencedor
Se a corrida de cavalos ainda vale, diria que o azarão venceu a corrida. Mas com méritos. Dr. André se beneficiou de vários fatores que podem indicar sorte. Mas, sorte o vencedor também tem. Sua insegurança no início, sua estratégia, sua profissão de médico, a precipitação e a falta de estratégia dos outros candidatos. O desgaste natural de Mirinho em seu terceiro mandato. O desejo incontrolável de mudança do eleitor em relação aos personagens do cenário político buziano. O erro grave do candidato Evandro na escolha incompatível do seu Vice, Octavinho. A aliança no momento certo com o candidato João Carrilho, enfim. Fatores que podem ser considerados sorte ou predestinação, mas que indicaram a direção que a maioria seguiu e escolheu.
Que não falte a Dr. André nenhum desses elementos à sua administração. Afinal de contas, "sorte" se conquista com trabalho e competência. E a predestinação pode representar meramente o resultado de um bom trabalho.
Boa sorte para Búzios.
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