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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

As mulheres e a política

Onde estão os presidentes  dos partidos trabalhando para identificar as mulheres atuantes e com potencial para legislar em favor da comunidade?




Por Camila Viana

De fato, passamos a pouco por um período eleitoral. E como expectadora  atuante que sou, não posso deixar de fazer essa análise. As mulheres estão perdendo nesse quesito para os homens. A começar pelo número baixo de mulheres que disputou vagas no legislativo e no executivo. Na verdade elas ainda são mais expressivas  por conta de uma "cota" de mulheres candidatas em cada partido. 

Cada sigla deve contar com o mínimo de 30% de mulheres em suas nominatas. O que em uma conta rápida, para ilustrar, diria que em um grupo de 10 candidatos, 3 precisam ser mulheres. Pouco, mas já é um avanço. Geralmente víamos as nominatas com nenhuma mulher candidata. Na questão numérica avançamos um pouco sim, mas o que mais chama a atenção, é que na maioria das vezes, essas mulheres apenas compõem a legenda, sem nenhuma expressão política ou luta pela mulher. Apenas são números. 

Precisamos avançar além dos números. E isso só acontecerá quando os partidos deixarem de ser uma aventura e um verdadeiro troca-troca de "donos". Formar propostas e consolidar um perfil depende de muito trabalho, mas o trabalho que acontece antes do período eleitoral. Acontece nas lutas e bandeiras levantadas durante uma vida de militância e ideias concretas. E não só ideias, consolidação e trabalho para colocá-las em prática.



Penso nas dificuldades em conciliar a vida afetiva, o cuidado com filhos e a feminilidade, com as tarefas de estar em uma “posição masculina” ainda mais no caso da política, dominada pelos homens.



Um partido forte é aquele que mantém seu trabalho quando as eleições acabam. Uma nominata forte é aquela que não perde o contato com seus candidatos quando finda o pleito eleitoral. Mas que mantém seus encontros mensais, suas propostas sendo criadas e suas atividades em pleno funcionamento. É nesse ponto que muitas mulheres com propostas e ações positivas e que agregam não conseguem manter suas propostas. Muito menos cria-las.


As demandas da mulher não aparecem de quatro em quatro anos. Elas estão aí todos os dias, nas ruas, nas escolas, nas creches, nos lares, nos empregos, nos relacionamentos. São muitas e precisam de duro trabalho para serem analisadas e em cima das análises, surgirem propostas. Essa engrenagem precisa estar muito bem azeitada e com todas as suas peças unidas para que o saldo seja positivo.


Diante dessas questões o que me vem à cabeça é: Onde estão os diretórios dos partidos, organizados e funcionando em favor das mulheres e das futuras candidatas ao empoderamento? Onde estão os presidentes  dos partidos trabalhando para identificar as mulheres atuantes e com potencial para legislar em favor da comunidade? Onde estão? Talvez existam, mas estão muito aquém do potencial e da força que poderia estar fazendo a diferença hoje em Búzios, e em todo país.



Quando Che Guevara disse a famosa frase: "Há que endurecer mas sem jamais perder a ternura", eu penso que ele devia estar vindo de uma longa conversa com uma mulher. 



Porque ao ver uma mulher no poder, penso sempre a mesma coisa. Como deve ter sido difícil chegar até lá. Enfrentar uma sociedade machista e discriminadora, que tende a achar que "lugar de mulher não  é na política". Penso nas dificuldades em conciliar a vida afetiva, o cuidado com filhos e a feminilidade, com as tarefas de estar em uma “posição masculina” ainda mais no caso da política, dominada pelos homens.


Eu desejo muito que tenha sido 2012 o último ano em que olhamos os diretórios da mulher nascendo e durando apenas três meses. Quero e espero ver nesses próximos quatro anos mulheres engajadas e unidas para discutir as questões da mulher, atuantes e reivindicando atenção para essas que são responsáveis pelo moldar de uma sociedade, representada no caráter dos pequenos. Quando Che Guevara disse a famosa frase: "Há que endurecer mas sem jamais perder a ternura", eu penso que ele devia estar vindo de uma longa conversa com uma mulher. 


E por fim, meus cumprimentos às legisladoras que já passaram pela Câmara de Búzios. Não importa o resultado do trabalho, estar nesse local já é uma grande conquista. E as que pretendem uma vaga, a disputa é desigual, mas o trabalho e a garra feminina são suas armas.

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