Antes de jogar o jogo político é preciso conhecê-lo, saber que Executivo e Legislativo são Poderes independentes e harmônicos, e com representatividades distintas. E é desta representatividade que não se pode abrir mão. Ainda que inconscientemente, o eleitor não entende, nem recebe bem, esse negócio de entregar o Legislativo ao Executivo.
Por Sérgio Luiz *
A queixa de falta de renovação na política é frequente, inclusive por parte de políticos que buscam alçar voos mais altos. Mas de quem é a culpa? Dos próprios queixosos.
De um lado, cidadãos que se queixam, mas não se dispõem a ingressar na carreira política, e de outro, políticos que dizem querer alçar voos mais altos, mas agem contra si mesmo, num verdadeiro suicídio eleitoral. Um exemplo claro pode ocorrer, mais uma vez, em Búzios, onde dois jovens vereadores reeleitos, que dizem almejar o cargo máximo do Munícipio um dia, mas que estão por ceifar prematuramente suas futuras pretensões.
"Esta entrega caracteriza renúncia de Poder de representatividade"
Eleger uma Mesa Diretora do Legislativo que agrada ao Executivo por interesses menores, além de incompreensível, é o que ceifa na raiz qualquer possibilidade de crescimento político-eleitoral de vereadores. É muito diferente votar uma matéria específica, ou até mesmo fazer parte da bancada de sustentação do Executivo, que não é desonra, nem renúncia do poder, já que continuarão tendo o bastão da avaliação permanente do desempenho do Executivo (para continuar apoiando ou não), de entregar a representatividade do Legislativo ao Executivo.
Uma vez entregue a representatividade esta é irrecuperável, pois ao contrário das matérias, não se elege Mesa Diretora a cada sessão. Esta entrega caracteriza renúncia de Poder de representatividade, a única coisa que pode tornar vereadores maiores ao ponto de almejarem um dia uma candidatura a Prefeito.
"Então, que me desculpem esses nobres Edis, mas nunca mais falem que têm Projeto Político"
Sem esta representatividade de nada adianta fazer oposição, espernear ou gritar, pois as representatividades dos dois poderes pertencerão a um único político que só aumentará sua representatividade eleitoral (potencial de votos), e com isso reduzirá ainda mais a possibilidade de surgir uma liderança vinda do Legislativo, pois os vereadores continuarão a serem vistos pelos eleitores como meros despachantes de luxo.
Se isso não fosse verdade os representantes do Executivo não se empenhariam tanto na obtenção da representatividade também do Legislativo, bastaria obter uma boa base de sustentação para apreciação e votação das matérias. Então, que me desculpem esses nobres Edis, mas nunca mais falem que têm Projeto Político, pois se acham que tem, o Projeto é medíocre, senão não custaria tão pouco.
Sem postura política e representatividade não há crescimento.
*Sérgio Luiz é advogado
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