O poder paralelo

"Messias Carvalho é frouxo mesmo. Sente medo, e, por isso, não declina os nomes, que de forma oblíqua relata. Esse hábito na Cidade de escrever sem declinar os nomes é muito feio, e permeia por todo o colunismo oficial e oficioso. Na minha terra se chama de 'cagacite'."

Ruy Borba - ex-secretário de orçamento e gestão no Governo Mirinho Braga

"Noticiante local, de final de semana, estabelece comparações entre ações dos governos anteriores e do atual, sugerindo “desvios” que agora contariam com a cumplicidade/omissão do MP, do Judiciário e de ONG’s. Em tempos de embargos de obras, não seria mais adequado se sugerir, na intenção do noticiante, o “desvio” do foco? Ora, o cenário atual deixa claro que o atual Prefeito esta cercado, por dentro, pelos interesses de remanescentes de um governo derrotado e, por fora e na atual conjuntura política, via Poder “paralelo”, pelos interesses de “encostados” no outro governo, também derrotado recentemente. Se referindo aos “desvios”, o noticiante afirma que ”MP e Judiciário assistem a tudo, até agora, calados”. Mas, fica a pergunta: porque o noticiante deixou de fora o Poder “paralelo”? Passou da hora de se fazer ecoar as “vozes roucas das ruas”, como diz o Vereador Henrique Gomes. Estas sim, até agora, caladas."

Messias Carvalho - vereador e líder da bancada do Governo Mirinho Braga

Pois é. Não é fácil entender nem o diálogo, muito menos  o contexto dos textos acima, pelo simples fato do vereador Messias Carvalho não ter citado nomes em seu texto repleto de insinuações, assim como Ruy Borba que também sem dar nomes, apesar de irrelevante, se referiu simplesmente a blogs "oficiais e oficiosos". Mas como dizem: "para bom entendedor, basta uma vírgula", então será válida a tentativa de entender de uma maneira não 'truculenta' - juntando algumas peças e usando de intuição -  dar um pouco de sentido ao que foi escrito. O diálogo foi extraído do perfil do facebook do vereador Messias.

Uma coisa a ser ressaltada, apesar de irrelevante para o contexto, é o fato de ambos, Messias Carvalho e Ruy Borba no passado terem pertencido ao mesmo 'grupo' político do ex-prefeito Mirinho Braga. Essa informação basta somente para perceber o quanto o mundo político é 'dinâmico'.

Voltando aos textos, a primeira coisa a fazer é tentar dar um breve significado ao que foi dito nas entrelinhas dos texto de Messias e assim chegar ao seu foco, que é o termo "Poder paralelo" citado duas vezes pelo vereador. Vamos ao 'glossário':

"Noticiante local de fim de semana" 

O vereador claramente se refere ao Jornal Primeira Hora, que publicou em sua última edição, um editorial analisando de maneira geral o início do governo do prefeito André Granado e o comparando aos seus dois antecessores: Toninho Branco e Mirinho Braga. 

"(...) interesses de remanescentes de um governo derrotado" 

O que o vereador provavelmente sugere nessa parte do texto é que a administração André Granado atende a interesses de um governo derrotado - se referindo à matéria do JPH - quando fala da participação "pelos fundos" do ex-secretário de governo na administração Toninho Branco, Henrique DJ e de "Júnior dos remédios", também ligado ao grupo do ex-prefeito. O jornal em seu editorial afirma que ambos teriam participação ativa no formato da nova administração e que diante disso, "as reações do prefeito se assemelham a de um fantoche".

"(...) via poder “paralelo”, pelos interesses de “encostados” no outro governo, também derrotado recentemente.

Aqui há uma hipótese. No episódio da presidência da Câmara, no calor das discussões e debates virtuais que aconteceram no facebook (inclusive publicados aqui no blog) o vereador Messias insinuou em seu perfil que havia interesses do segmento de especulação imobiliária envolvidos na escolha da presidência da Câmara e escreveu: "em reunião fechada na Península" - claramente se referindo a Península Imobiliária. 

Não é possível saber a veracidade dessa informação, mas se esta insinuação do vereador for verdadeira, temos então uma grande 'força paralela' em ação na cidade, inclusive com laços na presidência da Câmara. Seria este o "poder paralelo"? Ou Messias estava se referindo ao próprio"noticiante local" como sendo? Somente o vereador pode confirmar.

É importante saber que há uma grande expectativa em torno do fracasso do prefeito André Granado, fora e também dentro de seu próprio governo. Primeiro, pela inexperiência do prefeito. Segundo, pela incapacidade do seu "corpo político", sem um nome experiente que se destaque como articulista para equilibrar o cenário político hostil de Búzios que se desenhará nos próximos anos. 

Diante desse suposto, com um prefeito e um grupo teoricamente inexperiente e incapaz, movimentos irão surgir com o objetivo de ocuparem um espaço fixo na oposição nos próximos quatro anos. Esses movimentos oposicionistas se digladiarão entre si para ocuparem este espaço. Aí está a verdadeira guerra.

Os nomes surgirão, de dentro e de fora do governo. Alguns fazendo uma oposição responsável pela cidade, outros fazendo a "oposição" de sempre. Cabe ao cidadão comum identificar o cenário, seus personagens e avaliar o governo para saber em qual direção trilhar: na cobrança, como fez nos últimos anos, ou fazendo oposição a oposição.

.