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domingo, 13 de janeiro de 2013

Via Lagos: A fotografia não mostra tudo


"RIO - Seis pessoas morreram, entre elas duas crianças, numa colisão entre um carro e um caminhão na Via Lagos, na noite desta sexta-feira. As vítimas estavam no carro, que ficou completamente destruído após o acidente. A rodovia não precisou ser interditada, segundo informou a concessionária CCR ViaLagos." Jornal O Globo


Foto: Blog da Renata Cristiane


Lata retorcida, pneus destroçados e manchas de sangue na pista. A fotografia é dramática mas não mostra tudo. Aliás. Ainda esconde o pior lado do acidente: a omissão.

Não se trata dos corpos lançados a metros de distância do carro ou presos em meio aos destroços. Nem os familiares desconsolados ao lado dos seus entes queridos, mortos, que saíram de suas casas somente para passar um final de semana em uma praia da Região dos Lagos.

O pior ângulo da fotografia só vem à tona quando uma tragédia acontece e expõe a fratura da falta de atitude para resolver questões, por muitas vezes, de fácil solução.


"De cada dez acidentes ocorridos na rodovia, em pelo menos 6 o veículo atravessou a pista e atingiu outro que vinha em sentido contrário."


A Via Lagos, rodovia de acesso à Região dos Lagos, e que segundo a CCR (concessionária que a administra) chega a contabilizar mais de 300 mil veículos em feriados e finais de semana prolongados, arrecada uma média de 14 reais por automóvel. Façam as contas. Essa quantidade de carros, somados a imprudência e imperícia dos motoristas, são fatores fundamentais para causa de morte no trânsito. Mas não é só isso.

Os acidentes na Via Lagos não são poucos. Apesar da CCR divulgar queda de 38% do índice de acidentes e 40% de mortes desde o início da concessão, na prática, eles tem se tornado muito mais frequentes e trágicos.

E o que torna a Via Lagos tão perigosa a ponto de estar sendo considerada como a "Via da morte"? A resposta é a do meio.

Apesar de atender as normas padrões, ter boa sinalização e manutenção preventiva constante, a via Lagos é uma das poucas rodovias de "mão dupla" de tráfego intenso que não possui divisória central em sua extensão. A falta desse dispositivo de segurança tem feito a diferença no número de mortes. De cada dez acidentes ocorridos na rodovia, em pelo menos 6 o veículo atravessou a pista e atingiu outro que vinha em sentido contrário.

Na última semana, mais um trágico acidente com mortes foi incluído na estatística da Via Lagos, e trouxe novamente ao debate, a urgência de instalação da divisória central da rodovia. As manifestações de revolta e indignação se espalharam rapidamente na imprensa e nas mídias sociais. O delegado da 118a Delegacia de Polícia de Araruama, Jorge Maranhão, responsável pela investigação desse acidente, também destaca no jornal O Globo, que a falta da divisória e que esses tipos de acidente são recorrentes na Via Lagos.

- A estrada não tem muro de proteção e esse tipo de acidente é frequente. Deveria ter uma divisória ali. Os carros passam em alta velocidade, inclusive em algumas curvas. Estamos tentando agilizar a perícia - disse Maranhão em entrevista ao Jornal O Globo. 

O deputado Janio Mendes (PDT) em seu perfil no facebook também falou sobre o fato e levantou o tema provocando reações e repúdio ao desinteresse dos órgãos responsáveis por resolver esta questão:

-  Foram duas audiências publicas, varias audiências na Agetransp (*). A comprovação da necessidade e determinação de construção da mureta divisória. Até agora nada e as pessoas seguem morrendo. Até quando? - escreveu o deputado.

A necessidade é urgente. O número de veículos aumenta e a tendência é que mais acidentes aconteçam e mais vidas sejam perdidas. Não adianta esperar o poder público ou a concessionária. A sociedade pode se organizar através de abaixo-assinados, manifestações, movimentos, e obrigar, nem que seja judicialmente - dinheiro existe - que esta mureta divisória seja construída. Antes que seja tarde demais para não tirar mais fotos como essa. 


(*) Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro.


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Um comentário:

  1. Perdi uma grande amiga na sexta dia 11/03... nada consola os amigos e o marido e o irmão dela... uma tragédia familiar pois foram seis vitimas, que poderia ser evitada pois o dinheiros é arrecadado com o pedágio com propaganda mas o investimento não é feito... privam-nos de segurança e possibilitam acidentes e mortes. A concessionaria deveria perder a concessão e a agetransp ser investigada por não agirar e ser omissa, ser lenta...

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