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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Nani Mancini estava certo


O que era considerado como a "loucura de Nani Mancini" passa a ser visto com lucidez diante do declínio do  modelo de "vila de pescadores'.


Montagem sobre foto Wikepedia


Uma cena dessas pode até parecer sensacionalista e surreal, ainda mais para o morador buziano que, ao invés de prédios modernos com para-raios, garagem subterrânesa e janelas espelhadas, está acostumado a olhar para cima e ver somente as gaivotas voando sob o céu quase sempre azul de Búzios.

- Edifícios em Búzios? Impossível. - Dirão alguns. Mas o exagero é o melhor remédio para prevenir esse mal que surge novamente nos corredores do executivo, do legislativo e também nas rodas dos fofoqueiros que fazem o melhor serviço de difusão de notícias de Búzios.

Esse assunto já havia sido levantado anteriormente por Nani Mancini (empresário e candidato a vereador na última eleição) que chegou a pregar por algum tempo que a vocação da cidade não deveria mais ser a de 'vila de pescadores' e seus casebres de dois andares.  O empresário passou a defender a construção de prédios de até cinco andares para atrair um público de maior poder aquisitivo. Como todo visionário, na época a proposta de Nani Mancini foi considerada uma "loucura" diante de uma questão quase sagrada na mentalidade da cidade e logo foi engavetada.

Para não aprofundar muito na história, a lei que determina o segundo andar foi um projeto do arquiteto Octavinho, então vereador de Cabo Frio, quando Búzios ainda era um distrito. A iniciativa partiu da necessidade de manter o que o arquiteto considerava como "estilo Búzios": casas com telhas coloniais e com gabarito de dois pavimentos com altura máxima de 7, 80 metros.

Esse 'estilo Búzios' fora adaptado da “casa do pescador buziano" que o arquiteto passou a utilizar em todos os seus projetos, e que influenciou todos os outros profissionais que projetaram casas em Búzios. A regra imposta pela lei, apesar de antipática no início, ganhou a aceitação alguns anos depois e hoje é considerada um diferencial no estilo arquitetônico de Búzios em relação a outras cidades com o mesmo perfil.

O que era considerado como a "loucura de Nani Mancini" passa a ser visto com lucidez diante do declínio do  modelo de "vila de pescadores' que nos últimos anos, vem dando lugar aos condomínios de casas geminadas  e aos grandes resorts. A proposta para derrubada da "lei do segundo pavimento" começa a ganhar corpo e forma para ser apresentada à sociedade buziana com todos os argumentos necessários a sua aceitação.

A questão principal, caso isso não passe de boataria, é saber o posicionamento do legislativo e do executivo - que tem no seu núcleo principal o autor dessa lei - diante de um tema tão delicado que causaria impactos sociais e estruturais em toda cidade.

Mas a participação fundamental é da sociedade que vai escolher o melhor modelo para o futuro da cidade: a especulação imobiliária e seus edifícios de frente para o mar, ou o resgate do velho ‘estilo Búzios’? Um dado que deve ser levado em conta é a mudança do perfil do morador de Búzios, que nos últimos anos vem crescendo em razão da imigração descontrolada e se mostrando desconhecedor das tradições e dos conceitos da cidade, e saber como esse 'novo morador' vai se comportar diante da escolha desse modelo.

*acrescentei uma linha ao final do texto para deixar mais claro o último parágrafo.

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